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Como Identificar Patologias em Obras

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As patologias em obras são como “doenças” que afetam construções, comprometendo sua segurança, durabilidade e funcionalidade. Seja em um pequeno projeto residencial ou em uma grande obra comercial, esses problemas podem surgir devido a falhas de execução, materiais inadequados ou falta de planejamento. Neste artigo, vamos mergulhar nas principais patologias em obras, suas causas e, principalmente, como evitá-las com estratégias práticas e comprovadas.


Principais Patologias em Obras e Como Evitá-las

1. Fissuras e Trincas: Sinais de Alerta

Fissuras e trincas são rachaduras que aparecem em paredes, pisos ou tetos. Embora muitas vezes sejam vistas apenas como um defeito estético, podem indicar problemas estruturais graves.

  • Causas Comuns:
    Movimentação do solo, retração do concreto durante a secagem, sobrecarga não prevista no projeto ou uso de materiais de baixa qualidade.

  • Exemplo Prático:
    Em um prédio no Rio de Janeiro, fissuras verticais nas paredes de alvenaria foram causadas pelo recalque da fundação devido a um solo argiloso mal compactado.

  • Como Evitar:

    • Realize um estudo geotécnico detalhado antes de iniciar a obra.
    • Utilize juntas de dilatação em estruturas extensas.
    • Aplique técnicas de cura úmida no concreto para reduzir a retração.

2. Infiltrações: O Inimigo Silencioso

Infiltrações são responsáveis por 40% dos problemas pós-obra, segundo o Instituto Brasileiro de Impermeabilização. Elas corroem estruturas, criam mofo e aumentam custos com reparos.

  • Pontos Críticos:
    Telhados, banheiros, varandas e áreas enterradas (como subsolos).

  • Caso Real:
    Um hotel em São Paulo enfrentou infiltrações no subsolo após a impermeabilização ser negligenciada. O custo do reparo foi 3x maior do que o investimento preventivo.

  • Soluções Eficazes:

    • Use membranas asfálticas ou mantas poliméricas em áreas úmidas.
    • Instale rincões e calhas com inclinação adequada para escoamento.
    • Teste as instalações hidráulicas com ensaio de estanqueidade antes do acabamento.

3. Eflorescência: O “Fantasma” das Paredes

Manchas brancas causadas pela cristalização de sais minerais são um sinal de que a umidade está migrando através dos materiais.

  • Origem do Problema:
    Água subterrânea ou umidade ascendente que dissolve sais presentes no concreto ou argamassa.

  • Prevenção:

    • Aplique barreiras químicas (como inibidores de umidade) nas fundações.
    • Use revestimentos respiráveis (ex.: argamassas com aditivos hidrofugantes).

4. Descolamento de Revestimento: Quando o Acabamento Falha

Azulejos que caem ou pintura que descasca são problemas frequentes, especialmente em áreas expostas a variações térmicas.

  • Erros Fatais:
    Assentamento em superfície suja, uso de argamassa inadequada ou falta de chapisco.

  • Dica de Ouro:

    • Em fachadas, prefira sistemas de fixação mecânica (como grelhas para cerâmicas).
    • Em banheiros, utilize argamassas colantes com classificação AC ≥ 1.

5. Carbonatação: A Corrosão Invisível

Processo químico onde o CO₂ do ar penetra no concreto, reduzindo o pH e corroendo a armadura. É comum em garagens e obras próximas a vias movimentadas.

  • Dados Alarmantes:
    Segundo a ABCIC, 30% das estruturas de concreto no Brasil apresentam carbonatação após 15 anos.

  • Estratégias de Combate:

    • Especificar concreto com baixa relação água/cimento (≤ 0,50).
    • Aplicar revestimentos epóxi em ambientes agressivos.

6. Recalques Diferenciais: O Pesadelo das Fundações

Ocorre quando partes da estrutura afundam de forma desigual, causando inclinações e rachaduras. Em 2022, um edifício em Recife precisou ser evacuado devido a esse problema.

  • Prevenção:
    • Adote sapatas corridas ou radier em solos pouco resistentes.
    • Em solos expansivos (como argila), use estacas pré-moldadas.

Como Evitar Patologias na Sua Obra: 5 Pilares Essenciais

1. Projeto Antecipa Problemas

Um projeto executivo detalhado é sua primeira linha de defesa. Inclua:

  • Memoriais descritivos com especificação exata de materiais.
  • Detalhes construtivos de juntas, impermeabilização e transições entre materiais.

2. Controle Tecnológico Rigoroso

  • Faça slump test no concreto fresco para verificar trabalhabilidade.
  • Exija laudos de resistência dos materiais (ex.: CP do concreto aos 28 dias).

3. Gestão de Execução

  • Use checklists diários para verificar etapas críticas (ex.: aplicação de impermeabilizante).
  • Documente tudo com fotos e relatórios (ferramentas como BIM 360 ajudam nisso).

4. Pós-Obra Não É Opcional

Elabore um manual de uso e manutenção para o cliente, incluindo:

  • Periodicidade de limpeza de calhas.
  • Inspeção anual de fissuras.

5. Capacitação da Equipe

Invista em treinamentos práticos:

  • Curso de aplicação de impermeabilizantes (8h).
  • Workshop sobre normas ABNT NBR 15575 (desempenho de edificações).

O Que Fazer Se Notar Fissuras nas Paredes ou Tetos?

Passo 1: Avaliação Inicial

  • Fissuras finas (< 0,5 mm): Geralmente são superficiais. Aplique massa acrílica e observe.
  • Trincas (> 1 mm) ou padrão em diagonal/escada: Podem indicar problemas estruturais.

Passo 2: Investigação Profunda
Contrate um engenheiro para:

  • Realizar ensaios não destrutivos (como esclerometria).
  • Analisar se há desníveis com nível laser.

Caso em Curso:
Em um condomínio em Belo Horizonte, fissuras em forma de “X” nas paredes revelaram sobrecarga não prevista devido a alterações no projeto original. A solução foi instalar pilares metálicos de reforço.


Como Evitar Infiltrações Durante a Obra: Técnicas Comprovadas

1. Impermeabilização em 3 Camadas

  • 1ª Camada: Selante penetrante (ex.: silicones de alta resistência).
  • 2ª Camada: Manta asfáltica modicada (2 mm de espessura).
  • 3ª Camada: Contrapiso com inclinação mínima de 1% para o ralo.

2. Detalhes Que Fazem Diferença

  • Coberturas: Deixe um vão de 5 cm entre o telhado e a alvenaria para ventilação.
  • Varandas: Instale pingadeiras em alumínio com selante de poliuretano.

3. Tecnologia a Seu Favor

Use sensores de umidade como Tramex Concrete Moisture Meter para verificar o teor de água em lajes antes de aplicar revestimentos.


Patologias em obras não são inevitáveis. Com planejamento técnico, escolha criteriosa de materiais e fiscalização ativa, é possível construir edifícios que resistam ao tempo. Lembre-se: o custo de prevenir é sempre menor que o de remediar. Invista em conhecimento, capacite sua equipe e transforme cada obra em um legado de qualidade.